Pensar em interromper um processo tão natural no corpo da mulher, como a menstruação, era pouco aceito na sociedade em geral há algum tempo. No entanto, com os estudos e avanços da medicina e da autonomia da mulher sobre seu corpo, a decisão de parar a menstruação passou a ser mais frequente e bem aceita. A mulher tem procurado intervir para eliminar o desconforto que a menstruação mensal causa, seja aumentando o tempo de intervalo entre os fluxos ou os suprimindo por completo¹.
Mas, afinal: podemos parar a menstruação ou não? Quais as opções para a supressão do fluxo menstrual? E as vantagens e desvantagens disso? Neste artigo, discutiremos as opções disponíveis e os fatores a considerar antes de tomar uma decisão!
Podemos parar a menstruação?
A maioria das mulheres que optam por não menstruar são as que se sentem muito afetadas pelos sintomas durante a TPM (Tensão Pré-Menstrual) ou ainda que recebem indicação médica por terem problemas e patologias que podem ser agravadas com o processo menstrual.
Quais as opções para a interrupção do fluxo?
O tratamento para parar a menstruação é baseado em contraceptivos hormonais.¹ Existem vários métodos, dentre os quais os mais comuns são:
- Pílula anticoncepcional de uso contínuo: É também chamada de pílula combinada, pois seu composto é de dois hormônios, que pode ser estrógeno e progesterona¹ ², ambos sintéticos. É tomada diariamente, como a pílula comum de cartela com 21 comprimidos, porém sua cartela possui 28 unidades para uso ininterrupto.¹ (leia nosso conteúdo sobre como tomar anticoncepcional corretamente!)
- Injeção trimestral: É necessária a aplicação de três em três meses da injeção de derivado da progesterona¹, o pregestorênio².
- Implante subcutâneo: É um dispositivo implantado sob a pele que libera diariamente doses mínimas de um derivado da progesterona para inibir a menstruação.¹ Pode ser usado por até três anos.¹
- DIU (Dispositivo Intra-Uterino) hormoral: Com doses de derivado de progesterona liberadas na cavidade uterina¹, esse dispositivo diminui o fluxo reduzindo o tamanho da camada interna do útero.³ Pode durar até cinco anos.²
Quais os benefícios da supressão menstrual?
Afetando o ciclo hormonal e a ovulação, o tratamento com hormônios age diretamente sobre a redução e a interrupção da menstruação, o que torna a rotina mais prática para quem se incomoda com o fluxo menstrual.¹
Além de amenizar os sintomas da TPM significativamente, o uso de contraceptivos hormonais tanto reduz as chances de surgimento de endometriose, miomas uterinos, câncer do endométrio e doenças inflamatórias como é recomendado como tratamento para as mulheres que já lidam com esses problemas.¹ ² Sem menstruar, a mulher com endometriose evita o agravamento de seu quadro que o fluxo poderia causar.¹ Já para a que sofre com miomas, reduz-se a quantia de sangue perdida em associação aos miomas, revertendo ou evitando uma possível anemia.¹
Quais as desvantagens? Existem efeitos colaterais?
Como o tratamento é totalmente baseado na administração de hormônios, prós e contras existem e devem ser avaliados em cada caso pelo médico antes de ser prescrito qualquer método.¹ Os efeitos colaterais mais comuns são: o aparecimento de acnes e espinhas, maior oleosidade da pele e aumento de sobrepeso(principalmente no método de injeção trimestral). Mas, com o estudo e o avanço da medicina, as doses hormonais usadas têm sido menores, o que implica em alterações cada vez menos drásticas.¹
Diferente do que muitas pessoas pensam, parar a menstruação não diminui a fertilidade da mulher permanentemente.² Para as que desejam ser mamães, basta interromper o tratamento, com auxílio de um profissional, e dentro de alguns meses, ou até menos, a situação será propícia para a fecundação novamente.¹ ²
Entendeu melhor sobre o assunto?
Na hora de decidir se vai parar a menstruação: lembre-se de que a escolha é sua e deve ser orientada por um profissional especializado. Converse com seu médico a respeito das opções e, com calma, analise e decida o que será melhor para você: manter o fluxo ou interrompê-lo!
Referências
- Jimenéz MF. Efeito do dispositivo intra-uterino com levonorgestrel e com cobre na vascularização sub-endometrial e no fluxo das artérias uterinas [tese de doutorado]. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2007.
Estudante de medicina e futura ginecologista. Sou apaixonada por assuntos relacionados a saúde da mulher e quero compartilhar com vocês tudo que estou aprendendo e estudando.